• 1 dezembro 2016
Destroços do avião da ChapecoenseImage copyrightAFP
Image captionAutonomia similar à distância do percurso, turbinas intactas e ausência de fogo reforçam hipótese de "pane seca" de avião que levava a Chapecoense

A falta de combustível causou 19 acidentes em voos comerciais em pouco mais de 30 anos, segundo o site "Plane Crash Info", que compila estatísticas globais de catástrofes aéreas. 

A pane seca está sendo apontada como a principal causa do acidente ocorrido na madrugada de terça-feira com o avião da companhia boliviana Lamia, matando 71 pessoas e ferindo outras 6 - entre integrantes da Chapecoense, jornalistas e tripulantes. 

Autoridades colombianas declararam nesta quarta-feira que o avião voava com menos combustível do que é exigido pelas normas de transporte de passageiros. 

O problema já causou mais acidentes aéreos no mundo do que problemas como erros da torre de controle, fogo na cabine ou pássaros que entopem as turbinas, segundo o "Plane Crash Info" - o site integra em seus dados apenas voos com mais de dez passageiros. 

Mas a falta de combustível durante o voo não é algo frequente. Desde os anos 2000, teriam ocorrido na aviação comercial seis acidentes envolvendo essa causa, de acordo com os dados.

O último foi em 2005, quando o turboélice ATR da companhia tunisiana Tuninter, com 39 pessoas a bordo, caiu na costa da Sicília, no mar Mediterrâneo, matando 16, entre elas duas crianças.

De acordo com as investigações oficiais de especialistas tunisianos, italianos e franceses (a ATR é um construtor franco-italiano), houve uma falha no equipamento que indicava o nível de querosene da aeronave. 

Por esse motivo, o ATR não foi abastecido corretamente antes da decolagem. As investigações concluíram que isso provocou o desligamento dos dois motores, causando a queda do avião.

Destroços do avião da ChapecoenseImage copyrightREUTERS
Image captionSegundo autoridades, avião com Chapecoense viajava com menos combustível que o exigido

Um julgamento no tribunal de Palermo em 2009 condenou o piloto e o copiloto da Tuninter (que depois mudou de nome para Sevenair) a dez anos de prisão. 

Dirigentes e responsáveis pela manutenção da companhia aérea também receberam penas de prisão, mas o fabricante foi inocentado.

Casos no Brasil

O último acidente aéreo causado por uma pane seca no Brasil ocorreu em 1989, e envolveu um Boeing 737 da Varig em São José do Xingu (Mato Grosso), afirma o "Plane Crash Info". 

A rota ligava São Paulo a Belém com várias escalas. O piloto precisou realizar um pouso forçado em uma área de floresta por causa de uma pane seca. O acidente deixou 12 mortos e 42 sobreviventes, 17 deles em estado grave. 

O avião da Varig havia saído da rota original devido a um erro de navegação após uma escala em Marabá (PA). Depois de voar por três horas sem conhecer sua real posição, o piloto foi obrigado, pela falta de combustível, a fazer um pouso forçado em uma área de floresta. 

As investigações de autoridades brasileiras concluíram que houve um erro de navegação no plano de voo fornecido pela Varig. 

A tragédia ocorreu em um dia de partida da Seleção Brasileira de futebol contra o Chile, válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo - o atraso do voo da Varig não teria despertado preocupação no centro de operações de Belém nem das autoridades por ocorrer em um domingo com jogo do Brasil.

Ainda na década de 80, houve outro acidente aéreo no Brasil provocado por falta de combustível, de acordo o "Plane Crash Info". O desastre ocorreu em Rio Branco, no Acre, com um avião da Companhia Brasileira de Tratores (CBT). 

O jato executivo Learjet da CBT, fabricado pela Bombardier, sofreu acidente após a terceira tentativa de aterrissagem sob forte chuva no aeroporto da cidade. 

Os dois tripulantes e os oito passageiros morreram.

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