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domingo, 6 de novembro de 2016

Astrônomos vão tentar capturar primeira foto de um buraco negro no ano que vem

Astrônomos vão tentar capturar primeira foto de um buraco negro no ano que vem

Alvo é superpassivo e fica bem no centro da Via Láctea

ESO/C. Malin

Um porção pequena do telescópio Atacama Large Millimeter Array (ALMA). 

Certos avanços científicos sempre parecem estar a alguns anos de distância. Há muito tempo, a primeira observação direta de um buraco negro passou a integrar essa categoria. Mas talvez não por muito tempo: os astrônomos do Telescópio Event Horizon (EHT) agendaram a primeira tentativa de tirar uma foto do buraco negro no centro da Via Láctea para a próxima primavera boreal. 

Em duas noites no mês de abril de 2017, oito observatórios ao redor do mundo — incluindo o Atacama Large Millimeter Array (ALMA) e o South Pole Telescope — observarão simultaneamente o Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia. (O EHT também observará um buraco negro ainda maior, no centro da galáxia M87.) Juntos, esses observatórios funcionarão como um telescópio do tamanho da Terra, capaz de capturar imagens diretamente do ponto de não retorno do buraco negro, a fronteira da qual qualquer coisa que passe por ela não poderá nunca retornar.

 

O Telescópio Event Horizon é uma colaboração internacional envolvendo rádio-observatórios de alta frequência na Europa, América do Norte, América do Sul e Antártida. (Mais informações sobre o projeto aqui.) Usando uma técnica chamada interferometria de linha de base muito longa, cientistas podem imitar o efeito de telescópios impraticavelmente gigantescos, alcançando assim níveis de resolução maiores do que os obtidos com qualquer outro instrumento. O alcance será nítido o suficiente para ver um DVD na Lua. Isso é resolução o suficiente para detectar a “sombra” que, acredita-se, o Sagittarius projeta na emissão vindo de perto do ponto de não retorno.

 

Leva tempo para reduzir os dados de um experimento como esse: então, mesmo que a observação ocorra como planejado, levará meses para que vejamos a foto. E não existe, é claro, a garantia de que a observação será perfeita. Mas o fato de ela estar agendada é um grande passo. Não foi fácil para os astrônomos chegar até aqui.

 

Se você acompanha o EHT, você talvez se lembre do rebuliço de histórias da mídia em janeiro, anunciando que a primeira foto de um buraco negro seria entregue até 2017. No encontro anual da Sociedade Americana de Astronomia, Feryal Ozel, cientista envolvido no projeto, disse, com a cautela necessária, que eles esperavam realizar uma observação completa no início de 2017. Essa nuance desapareceu na cobertura midiática. O fato é que essa observação e a captura de imagens não era um negócio fechado até recentemente, quando o EHT recebeu oficialmente o tempo de observação no ALMA, o observatório de 66 antenas no deserto chileno que aumentará a sensibilidade do EHT por um fator de dez.

 

Ainda existe muito trabalho a ser feito nos próximos meses. Por exemplo, antes de abril, o Large Millimeter Telescope, no México, precisa de um novo receptor capaz de gravar os mesmos comprimentos de onda de 1,3 milímetros que as outras estações. Em dezembro, uma equipe viajará para o  South Pole Telescope para instalar novos receptores de alta frequência. Existem testes a serem feitos, listas de checagem e protocolos para serem preparados.

 

Seth Fletcher
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