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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Para Brasil melhorar na olimpíada, esporte deve entrar na escola pública

por Andrea Ramal



Vamos assumir? Os anos passaram e não até agora conseguimos formar jovens para modalidades esportivas bem acessíveis à educação pública, mesmo sediando uma edição histórica dos Jogos Olímpicos em nosso país.

Há modalidades em que é possível desenvolver talentos sem necessidade de um investimento inicial alto. Vejamos o atletismo, por exemplo: corrida, revezamento e corrida com obstáculos são praticados, não raro, por atletas com parcos recursos financeiros, cujo potencial foi descoberto na infância.

Temos menos representantes nos Jogos do Rio do que poderíamos ter. Nossos campeões olímpicos ainda são exceções, atletas notáveis que, infelizmente, confirmam a regra. As razões estão na educação pública – como acontece em muitos dos casos de desperdício de talentos da infância e juventude brasileiras.

O Censo Escolar 2015 mostrou que seis de cada dez escolas públicas do país não possuem quadra esportiva. Significa que a educação física, componente curricular obrigatório, não só não pode ser implementado totalmente, como muitas vezes deve recorrer até a improvisos.

Quando comecei a lecionar, um fato me chamava a atenção. No Conselho de Classe – esfera de avaliação dos estudantes, para encontrar novas estratégias didáticas – as aulas não eram suspensas. Quem ficava com os estudantes naquele momento era o professor de educação física – que, curiosamente, não participava dessa reunião.

Naquela época, não se compreendia que este professor tinha contribuições valiosas para o Conselho de Classe: dados relacionados a comportamento, posturas, relacionamento e atitudes dos estudantes que podiam não ser perceptíveis numa situação de ensino "formal", na sala de aula.

Quase três décadas depois, a situação mudou bastante. Os docentes de educação física foram conquistando uma formação mais abrangente e um espaço mais reconhecido nas práticas escolares. Porém, ainda precisamos avançar. Sem sequer um espaço apropriado para a atividade esportiva, muitos professores precisam dar aulas na sala. O que acontece nesses colégios? Explicações sobre regras? Trabalhos teóricos sobre o aforisma “mente sã em corpo são”? Parece complicado.

A consequência aparece, no mínimo, a cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos. Apesar da habilidade e talento de tantas crianças e jovens, revelados até em situações da cultura popular, como danças e brincadeiras de rua, não temos ainda um sistema estruturado para trazer a atividade esportiva à formação global.

Quando o ensino público incorporar de fato a educação para o esporte, o que ganharemos não serão só medalhas, mas algo ainda mais valioso: uma geração de jovens mais preparados, com menos risco de entrar nas drogas e na contravenção. Vidas com maior possibilidade de equilíbrio, qualidade e bem-estar, com posturas típicas de quem vive os esportes, como a auto-superação e a disciplina. E, claro, a oportunidade de revelar novos ídolos, bons exemplos que sirvam de inspiração para nossas crianças e jovens.

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